Design organizacional parece um tema distante e com pouca influência no dia a dia, mas a verdade é bem diferente disso. Neste episódio o Ravi Resck, Org Designer na Target Teal e especialista neste assunto fala sobre como a estrutura organizacional tem influência na cultura da empresa, sistemas de incentivos e autogestão, e consequentemente nos resultados da companhia.
Estrutura e cultura são duas faces da mesma moeda. Se queremos trabalhar com cultura, precisamos, invariavelmente, atuar na estrutura da organização.
Os sistemas de incentivos, muitas vezes baseados em metas ou indicadores individuais, podem gerar efeitos perversos. Quando estruturados inadequadamente, eles minam a motivação intrínseca, focando apenas em recompensas externas. Estruturas organizacionais eficazes precisam ser desenhadas para evitar esse tipo de problema, promovendo ambientes que estimulem o envolvimento genuíno dos colaboradores.
Reorganizar uma empresa requer mais do que apenas consultar líderes ou aplicar frameworks prontos. O processo deve começar ouvindo quem está na linha de frente, pois essas pessoas têm a visão mais próxima das necessidades do mercado e do trabalho operacional. É essencial também abraçar a experimentação: mudanças organizacionais eficazes são descobertas ao longo do caminho, em vez de serem inteiramente planejadas de forma antecipada.
Mudanças em pequena escala permitem testar hipóteses e identificar soluções que funcionam antes de expandi-las para toda a organização. Estratégias como "experimentos seguros para falhar" evitam impactos negativos significativos, permitindo ajustes baseados em feedbacks reais. No entanto, é crucial lembrar que o sucesso em um pequeno grupo não garante resultados positivos em maior escala.
Reduzir hierarquias exige um repensar profundo sobre poder e privilégios nas organizações. Isso inclui transparência total em informações, autonomia para os colaboradores decidirem como trabalhar e a eliminação de intermediários em conflitos. Organizações verdadeiramente horizontais distribuem autoridade e criam mecanismos claros para resolver tensões diretamente.
Ambientes autogeridos demandam que os colaboradores assumam responsabilidades por suas decisões e conflitos, o que pode ser desconfortável para alguns. É comum que pessoas prefiram delegar decisões em vez de lidar com elas diretamente. No entanto, sistemas autogeridos tendem a se autorregular, promovendo maior alinhamento entre os objetivos individuais e organizacionais.
Crescimento rápido pode levar a soluções apressadas e ineficazes. Para evitar isso, é mais prudente melhorar processos existentes antes de implementar grandes mudanças. Abordagens temporárias e iterativas permitem adaptações à medida que a organização evolui, reduzindo o estresse e maximizando resultados.
Duas tendências emergentes chamam atenção: a aplicação de blockchain em processos organizacionais e o modelo “Rendanheyi” de microempreendedorismo corporativo. Enquanto o blockchain busca eliminar a necessidade de confiança em sistemas decisórios, o Rendanheyi promove autonomia total para filiais em grandes conglomerados. Esses movimentos sugerem uma evolução significativa nas formas de organização, com potenciais impactos profundos.
O design organizacional é um campo dinâmico e em constante evolução. Seja através da experimentação, da redistribuição de autoridade ou da exploração de novas tecnologias e modelos, as organizações que abraçam essas práticas estão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro.
Se você quer entender melhor como lidar com o desafio de tornar a estrutura da sua empresa mais flat, então recomandamos o episódio sobre Hierarquia Flat que gravamos com o Carlos Felippe Cardoso para aprofundar esse tema.