Unindo tecnologia e geração de valor
Para quem atua tecnicamente, vincular código a resultados de negócio pode ser desafiador. A chave está em contextualizar o trabalho no objetivo maior:
- Times devem entender por que existem e como suas entregas impactam metas organizacionais.
- Ferramentas como OKRs ajudam a alinhar objetivos individuais, de time e corporativos, criando uma cadeia clara de valor.
- Em times de plataforma (cujos "clientes" são outros engenheiros), o valor muitas vezes está em reduzir custos operacionais ou permitir escalabilidade, mesmo sem contato direto com o usuário final.
- Comunicação contínua sobre o propósito das iniciativas técnicas é essencial, especialmente durante o planejamento estratégico.
Resistência a mudanças voltadas ao negócio
Conflitos entre soluções técnicas "ideais" e necessidades pragmáticas de negócio são naturais. A gestão eficaz envolve:
- Framework de decisão transparente: Avaliar trade-offs como tempo de implementação, custo de manutenção, alinhamento com a estratégia de longo prazo e impacto na produtividade.
- Exemplo: A escolha entre microserviços e monolitos deve considerar o custo cognitivo da manutenção versus a agilidade no desenvolvimento.
- Abraçar a imperfeição calculada: Às vezes, aceitar débito técnico temporário acelera a entrega, desde que haja um plano para resolvê-lo posteriormente.
- Diversidade de perspectivas no time é saudável, mas a decisão final deve ser baseada em dados e contexto específico.
Construindo relações com stakeholders
Líderes técnicos precisam de empatia e clareza para navegar entre engenheiros, Product Managers e outras áreas:
- Defina contratos explícitos: No início de colaborações, esclareça papéis, responsabilidades e pontos fortes de cada pessoa.
- Em ambientes multiculturais, evite suposições: normas culturais influenciam expectativas (ex.: proatividade versus hierarquia).
- Adote transparência radical: Compartilhe desafios operacionais, trade-offs e riscos com a liderança sênior, sem ocultar problemas.
- Times de plataforma devem focar em habilitar outros times de engenharia, ajudando-os a atingir suas próprias metas.
Mensurando impacto em atividades intangíveis
Como quantificar o valor de refatorações, testes ou redução de débito técnico?
- Relacione ao risco ou custo atual:
- Número de incidentes evitados com melhor cobertura de testes.
- Tempo economizado em operação (ex.: redução de tickets de suporte).
- Pesquisas de satisfação: Métricas de produtividade percebida pelos engenheiros (ex.: facilidade para fazer mudanças no código).
- Distribua esforços de forma estratégica:
- 10–15% em operação/reactive work.
- 10–15% em melhorias de produtividade.
- 70–80% em inovação e geração de valor direto.
- Caso não haja dados diretos, mostre como a iniciativa acelera entregas futuras ou reduz riscos.
Equilibrando pressões: Qualidade vs. Velocidade
Líderes ficam no "meio do campo" entre a busca por excelência técnica e a demanda por agilidade:
- Priorize sustentabilidade: Invista continuamente em saúde do sistema (ex.: 10–15% do tempo do time em melhorias) para evitar "paradas emergenciais".
- Em contextos de alta pressão (ex.: lançamento de produto), comunique os trade-offs: "Aceitamos débito técnico X para entregar mais rápido, mas retomaremos o tema em Y meses".
- Empresas grandes exigem certezas maiores nas apostas devido ao custo de coordenação entre times. O alinhamento consome mais energia que a construção em si.
- Incentive o time a propor soluções (não apenas apontar problemas): Engenheiros devem trazer métricas, casos de negócio e planos para resolver débitos técnicos.
Conselho para líderes
Para quem enfrenta dificuldades na gestão de tecnologia e negócio:
- Seja vulnerável e aberto: Admita desafios, peça ajuda e esteja disposto a aprender – mesmo em cargos sênior.
- Experimente na prática: Aprender com erros é mais eficaz que teoria. Aceite desafios além da sua zona de conforto, estabelecendo contratos claros sobre expectativas.
- Cultive redes de apoio: Conecte-se com mentores e pares de outras áreas para trocar perspectivas e soluções.
- Foque no potencial humano: Entenda as motivações individuais do time e alinhe-as com oportunidades de impacto.
Conclusão
Alinhar tecnologia e geração de valor exige mais que habilidades técnicas: demanda comunicação clara, transparência nos trade-offs e empatia com todas as partes envolvidas. Líderes que contextualizam seu trabalho no panorama do negócio, medem o que importa e gerenciam expectativas de forma proativa não só resolvem conflitos – mas criam espaços para inovação sustentável. A chave está em equilibrar pragmatismo com visão de longo prazo, sempre mantendo o foco no impacto real.