Parece contraditório, mas o bom desempenho das pessoas não tem a ver só com a habilidade delas, mas também do ambiente onde estão inseridas. Neste episódio o Fabio Lessa, Diretor Sênior de Engenharia no Duolingo, trouxe referências baseadas em mais de 24 anos de experiência em empresas como ThoughtWorks, Spotify e SoundCloud sobre como criar um ambiente que leve as equipes e pessoas ao alto desempenho.
Um dos destaques da discussão foi a diferença entre desempenho individual e desempenho em equipe. Líderes precisam se afastar de práticas que incentivam o individualismo excessivo, como metas e avaliações focadas apenas em resultados pessoais. O foco deve estar em criar um senso de time, onde os integrantes trabalham em harmonia para atingir objetivos comuns. Isso não apenas melhora os resultados do grupo, mas também fortalece os laços entre os membros.
Para que uma equipe alcance o alto desempenho, é essencial que os integrantes compreendam a missão do grupo e sua relação com os objetivos gerais da empresa. Isso exige que a liderança atue como facilitadora, garantindo que todos os membros entendam como seu trabalho contribui para o panorama maior.
Outro fator é criar espaços onde as pessoas se sintam à vontade para colaborar. Isso pode incluir incentivar discussões abertas, promover retrospectivas frequentes para ajustar processos e reconhecer o valor de cada contribuição individual dentro do contexto coletivo.
Muitas vezes, equipes de engenharia se concentram apenas no aspecto técnico de seu trabalho, desconectando-se dos objetivos do negócio. Contudo, é essencial que engenheiros compreendam as prioridades da organização e como suas decisões técnicas afetam o produto final. Para isso, é fundamental que os líderes compartilhem informações estratégicas e facilitem o alinhamento entre áreas.
Uma liderança eficaz vai além da gestão de tarefas: ela molda o ambiente para que as equipes prosperem. Isso inclui definir princípios claros, evitar microgestão e adotar uma abordagem sistêmica para resolver problemas. Por exemplo, em vez de culpar indivíduos por falhas, o foco deve estar em identificar falhas no sistema que levaram ao problema.
A liderança também deve estar atenta à satisfação e ao bem-estar da equipe, usando mecanismos como pesquisas de clima organizacional e check-ins regulares para medir o engajamento e ajustar práticas quando necessário.
Dentre os desafios mencionados, dois se destacam: processos de promoção e avaliações de desempenho excessivamente individualistas, que podem desestimular a colaboração, e a especialização exagerada das equipes, que limita a flexibilidade e o trabalho conjunto. Resolver esses desafios exige revisar incentivos, promovendo metas coletivas e oportunidades para os integrantes se ajudarem mutuamente.
Retrospectivas regulares são uma prática essencial para avaliar e melhorar continuamente os processos. Mais do que seguir metodologias ágeis à risca, a chave está em adaptar as práticas ao contexto específico da equipe, criando um ambiente onde todos sintam que têm controle sobre a forma como trabalham.
Outro ponto relevante é o alinhamento entre o crescimento profissional dos indivíduos e as necessidades do time. Quando isso não é possível, é papel do líder identificar oportunidades em outras áreas da empresa que sejam mais adequadas ao perfil do profissional. Essa abordagem humanizada fortalece o compromisso e a satisfação dos colaboradores.
Criar um ambiente de alto desempenho é um desafio contínuo que exige um olhar cuidadoso para sistemas, pessoas e cultura. Investir em liderança consciente, processos colaborativos e alinhamento entre negócio e tecnologia são passos essenciais para atingir esse objetivo.
Se você gostou deste episódio, então também vai curtir a aula do Luciano Holanda, Head de Engenharia no Quinto Andar, sobre Avaliação de Desempenho.