Neste episódio Edu Matos conversa com Gabriel Notari, VP de Engenharia na ThoughtWorks, sobre como se tornar um executivo de tecnologia. Gabriel compartilha suas experiências sobre liderança, tomada de risco e as habilidades necessárias para se tornar um executivo eficaz. Outros assuntos relevantes também são discutidos, como métricas, pensamento estratégico e criação de relacionamentos com outras áreas da empresa.
Uma das melhores coisas que podem dizer sobre alguém no trabalho é que essa pessoa é fácil de trabalhar junto.
A jornada até posições de liderança sênior nem sempre é intencional do início ao fim. O crescimento pode vir tanto de ambições conscientes quanto de aproveitar boas oportunidades que surgem, mesmo quando causam medo ou insegurança. Avaliar se vale a pena encarar um desafio passa por considerar o que pode ser aprendido, qual o potencial de crescimento e o que está em risco caso as coisas não funcionem como esperado.
A principal diferença entre executivo e gerente está na escala e no tipo de decisão que cada um precisa tomar. Enquanto gerentes operam com foco tático e mais próximo do dia a dia dos times, executivos lidam com decisões estratégicas que impactam grandes áreas de negócio, geralmente com foco em receita, custo e crescimento.
Executivos precisam definir direções, tomar decisões com base em dados e atuar em cenários ambíguos, sendo líderes de líderes. Gerentes conectam essas direções com a execução no dia a dia, traduzindo estratégia em ação.
Antes de pensar em novos desafios, é essencial entregar bem o que está nas suas mãos hoje. A partir disso, algumas habilidades ganham destaque para quem quer se tornar executivo:
A promoção para uma função executiva acontece como consequência de resultados concretos, não de promessas ou intenções.
Executivos lidam com muitos contextos simultaneamente — técnicos, culturais, regionais e de negócio. Nem sempre é necessário dominar todos os assuntos, mas sim saber aprender rápido, buscar as pessoas certas e tomar decisões com base em contribuições diversas.
Saber quem pode ajudar, saber perguntar e construir redes de confiança são tão importantes quanto o conhecimento técnico ou de negócio em si.
Pensar estrategicamente é mais do que definir metas: é traçar caminhos realistas para alcançá-las, comunicar claramente esses caminhos e garantir que, ao final, esse novo estado se torne parte da rotina. Significa também saber o que deixar de fazer para abrir espaço ao que realmente importa.
A dificuldade está justamente em alinhar visão, coordenação entre áreas e consistência na execução — e manter tudo isso ao longo do tempo.
A tomada de decisão é um dos maiores desafios da função executiva. Muitas vezes, as decisões precisam ser tomadas com informações incompletas e em prazos apertados. Com o tempo, a experiência ajuda a desenvolver instinto e confiança no próprio julgamento.
É importante também entender o impacto das decisões — muitas delas afetam centenas de pessoas, resultados financeiros e o rumo da empresa como um todo.
Mesmo longe do código e do operacional, é fundamental manter uma conexão com quem está na ponta. Isso passa por:
Executivos não podem ser absorvidos pelo operacional, mas também não podem perder totalmente o contato com ele.
Uma visão equilibrada entre negócio e tecnologia é essencial. Essas são as métricas mais acompanhadas:
A saúde do time e o aprendizado contínuo são tão importantes quanto os resultados de entrega e financeiros.
Relacionamentos de confiança são base para decisões, execução e inovação. Para construí-los, é essencial:
Relações saudáveis viabilizam o trabalho coletivo e criam um ambiente onde as pessoas crescem juntas.
É importante separar política de politicagem. Política, quando bem feita, é sobre diálogo, negociação e tomada de decisões com foco no bem coletivo. Já politicagem envolve jogos de interesse, trocas escondidas e decisões baseadas em benefício próprio.
Nem sempre se entende o porquê de algumas decisões, mas muitas vezes isso vem da limitação de contexto. Aproximar-se, buscar entender e decidir se aquele ambiente faz sentido para você é parte do amadurecimento profissional.
Cada pessoa terá um desafio diferente, mas um deles é a responsabilidade de tomar decisões com impacto grande e pouco tempo ou informação. Também é difícil lidar com múltiplos contextos ao mesmo tempo.
No entanto, com o tempo, ganha-se confiança, repertório e habilidade para tomar decisões mais rápidas e acertadas.
Levar as coisas com mais leveza. A autocobrança exagerada e a negligência com saúde física e mental podem cobrar um preço alto. Práticas como esporte, alimentação equilibrada, sono de qualidade e tempo com a família ajudam a manter o equilíbrio necessário para sustentar uma carreira executiva de longo prazo.
Soft skills como comunicação, empatia e liderança são o que diferencia profissionais no mercado — e isso continuará verdadeiro mesmo com a ascensão da inteligência artificial. A tecnologia pode evoluir, mas a habilidade de lidar com pessoas, interpretar contextos e tomar boas decisões continuará sendo humana.
Se você está em uma jornada de liderança técnica ou pensando em dar os próximos passos rumo à gestão executiva, reflita sobre esses pontos, desenvolva as habilidades certas e lembre-se de cuidar de si ao longo do caminho. Porque liderança, no fundo, também é sobre humanidade.