Neste episódio o Edu Matos recebe o Ben-Hur Guimarães, CTO na Safe2Pay, para discutir a evolução de profissionais rumo à liderança e os desafios de lidar com a cultura de heroísmo que tanto atrapalha as equipes.
O líder que quer saber se está no caminho certo deve sair de férias. Se a equipe consegue performar bem sem ele, isso é um bom indicativo.
A transição de um profissional técnico para a liderança nem sempre é linear ou planejada. Muitas vezes, ela ocorre de forma orgânica, com o destaque natural por habilidades específicas — seja em conhecimentos técnicos ou em competências interpessoais, como mediação de conflitos e comunicação.
No entanto, à medida que avança para a liderança, o foco do profissional muda. Não se trata mais apenas de realizar entregas individuais, mas de garantir que o time alcance resultados coletivos. Desenvolver pessoas e remover bloqueios se tornam prioridades. Contudo, é comum que, nesse processo, os líderes caiam na armadilha da “síndrome do super-herói”, centralizando tarefas e dificultando o crescimento do time.
Assumir responsabilidades demais pode levar a um ciclo de sobrecarga e a uma dependência prejudicial do time em relação a um único indivíduo. Essa prática, além de não escalar, impede o desenvolvimento de outros membros da equipe e pode resultar em problemas sérios caso o “herói” precise se ausentar ou decida sair da empresa.
Embora existam situações onde um líder precise atuar de forma mais centralizadora, como em momentos críticos de incidentes, isso deve ser a exceção, não a regra. Para evitar a perpetuação dessa cultura, é fundamental incentivar a autonomia e o crescimento do time, além de criar condições para que problemas menores sirvam como oportunidades de aprendizado.
Cada equipe é única, e a abordagem de liderança deve se adaptar ao seu contexto. Times mais júniores podem demandar uma liderança com maior envolvimento técnico, enquanto equipes mais sêniores podem se beneficiar de uma liderança focada em orquestração e resolução de conflitos.
Entender os perfis dos integrantes do time é essencial para alocar as pessoas de forma que entreguem o melhor resultado. Isso inclui realocar indivíduos para projetos ou times que sejam mais compatíveis com suas habilidades e interesses.
Evitar a criação de heróis exige intencionalidade na gestão. Promover pessoas não apenas pelo volume de entregas, mas por suas atitudes e contribuições para o desenvolvimento do time, é um bom ponto de partida. Além disso, é vital fomentar uma cultura de feedback constante e baseada em dados, identificando comportamentos problemáticos antes que se tornem sistêmicos.
Quando uma situação de heroísmo já está estabelecida, é necessário agir para redistribuir responsabilidades e oferecer suporte para que outros membros do time assumam funções críticas. Assim, o conhecimento e as habilidades deixam de estar centralizados em uma única pessoa.
Liderança servidora é uma alternativa poderosa ao heroísmo. Neste modelo, o líder se concentra em capacitar e apoiar sua equipe, promovendo autonomia e escalabilidade. A liderança servidora busca equilibrar habilidades técnicas e interpessoais, criando um ambiente onde todos os membros do time podem crescer e contribuir de forma efetiva.
A cultura de heroísmo, quando não controlada, aumenta riscos para a organização e compromete o desenvolvimento do time. Combater essa prática exige intencionalidade, desde a promoção de uma cultura de feedback até a implementação de modelos de liderança mais sustentáveis. Ao focar no crescimento coletivo e na distribuição de responsabilidades, as organizações podem criar times mais resilientes e preparados para lidar com desafios futuros.
Ouça também o episódio “Tirar Proveito dos Diferentes Estilos de Liderança” onde o Edu recebeu o Alex Rios para destrinchar sobre este assunto.