Negócios vs Tecnologia são uma fonte inesgotável de tensão em muitas empresas. Porém existem formas de tornar essa convivência não só amigável como sinérgica. Neste episódio o Leo Andreucci, CTO as a service e mentor de líderes, aponta quais as melhores estratégias para integrar essas áreas e gerar mais resultados para a companhia.
Se o time que está desenvolvendo o produto não acredita no produto, para tudo. Esse é um sinal claro de que há algo errado.
A distância entre negócios e engenharia é um problema comum e tem raízes em como as áreas enxergam seus papéis. Muitas vezes, negócios trata a tecnologia como uma área de suporte, focada apenas em executar demandas. Por outro lado, profissionais de tecnologia, especialmente aqueles com experiências em empresas onde eram apenas “tiradores de pedido”, podem evitar se envolver com as necessidades do negócio.
Para mitigar essa lacuna, é crucial que a tecnologia seja vista como um meio de entregar valor ao negócio. Isso requer uma mudança cultural, onde tanto negócios quanto engenharia entendam que o objetivo final é o mesmo: agregar valor ao cliente e à empresa.
É comum que os times de tecnologia se acomodem em um papel passivo, reclamando da falta de envolvimento no processo decisório. Para mudar isso, é fundamental que eles assumam uma postura proativa, participando das discussões e influenciando estratégias. Do lado de negócios, é essencial entender as implicações de escolhas tecnológicas, como o impacto do acúmulo de débito técnico ou a falta de testes automatizados.
A integração começa com ambos os lados assumindo a responsabilidade de educar e entender um ao outro. Negócios deve explicar suas métricas, enquanto tecnologia deve mostrar como suas escolhas impactam os resultados.
Em startups muito iniciais, é mais fácil que todos trabalhem em conjunto, com o CEO e os desenvolvedores frequentemente trocando ideias. Conforme a empresa cresce, surgem desafios de escalabilidade na comunicação e alinhamento. Nesses casos, processos claros, como comitês mensais entre áreas, podem garantir que todos continuem na mesma página.
Outra prática eficaz é incentivar que lideranças técnicas participem ativamente das decisões de negócios. Essa proximidade ajuda a criar uma colaboração mais fluida e evita que produto e engenharia trabalhem de forma desconectada.
Um time integrado se caracteriza por uma diversidade de habilidades complementares. Além de serem bons desenvolvedores, membros de um time eficaz trazem conhecimentos adicionais em áreas como qualidade, infraestrutura, agilidade e produto.
Práticas como “continuous discovery” também são essenciais. Isso inclui reuniões frequentes com clientes, onde desenvolvedores têm a oportunidade de ouvir diretamente as dores e necessidades dos usuários. Experiências práticas, como interagir com o sistema em condições reais de uso, também ajudam a criar empatia e alinhamento com o negócio.
Definir Objetivos Compartilhados: Um dos principais desafios é quando times têm metas conflitantes. Estabeleça OKRs unificados que alinhem todos em torno de um mesmo resultado esperado.
Promover a Transparência: Reuniões mensais onde negócios e tecnologia compartilham avanços, desafios e próximos passos ajudam a construir confiança e entendimento mútuo.
Educar e Envolver: Profissionais de tecnologia devem ser incentivados a aprender sobre métricas de negócio, enquanto negócios devem ser educados sobre os impactos das decisões tecnológicas. Pequenas ações, como almoçar com membros de outras áreas, também ampliam horizontes.
OKRs devem ser criados de forma que traduzam metas de negócios em resultados tangíveis para tecnologia. Por exemplo, ao invés de focar em “entregar o sistema X”, o objetivo pode ser “reduzir o tempo de análise de crédito de uma hora para 30 minutos”. Isso permite maior flexibilidade para a engenharia encontrar soluções criativas e eficazes.
É crucial que os profissionais de tecnologia desenvolvam uma mentalidade de produto. Isso significa questionar solicitações, entender os problemas reais e buscar a solução mais eficaz para o negócio, mesmo que isso signifique desafiar o status quo.
Adotar uma abordagem de “hipóteses” também acelera o aprendizado. Por exemplo, antes de construir um sistema completo, uma página estática pode ser usada para validar o interesse do cliente em um novo produto ou funcionalidade.
Para superar o gap entre tecnologia e negócios, é essencial construir uma cultura de colaboração e aprendizado mútuo. Envolver todos os níveis das áreas no processo decisório, estabelecer objetivos claros e promover uma mentalidade de “negócios primeiro” em tecnologia são passos importantes para transformar desafios em oportunidades.
