Neste episódio, Edu Matos conversa com Zarathon Viana sobre sua trajetória profissional e as lições aprendidas ao longo de sua carreira como líder de tecnologia. O convidado compartilha também experiências sobre a importância da confiança nas equipes, a criação de um ambiente seguro para comunicação, a importância de alinhar decisões tecnológicas com justificativas de negócio além de diversos outros pontos para todos os líderes de tecnologia.
Vai com 70% da informação. Se esse percentual for suficiente para dar um passo à frente e aprender mais no caminho, siga em frente. O pior erro é ficar parado esperando a certeza absoluta.
A confiança excessiva em projetos complexos pode levar a falhas imprevistas. Um exemplo emblemático trazido pelo Zarathon foi o caso de uma Black Friday em que sistemas críticos falharam devido a uma query mal otimizada e falta de revisão colaborativa. A lição é clara: líderes devem envolver o time em discussões prévias, questionando: "O que não estou enxergando?".
Ferramentas como o pré-mortem (antecipar possíveis falhas antes de implementar soluções) são valiosas para mitigar riscos. Além disso, é essencial criar um ambiente seguro para que a equipe sinta-se à vontade para apontar vulnerabilidades sem medo de represálias.
A pressão para adotar tecnologias "da moda" é comum, mas nem sempre alinhada às necessidades do negócio. A chave está em diferenciar "construir para aprender" de "construir para gerar valor". Enquanto experimentações em sandbox são saudáveis, sistemas críticos exigem estabilidade.
Uma dica é priorizar tecnologias que resolvam problemas reais do negócio, como redução de custos ou ganho de performance, e não apenas por hype. Líderes devem incentivar a equipe a inovar em ambientes controlados, sem comprometer sistemas em produção.
Analisar demais pode atrasar decisões importantes. A regra dos 70% é útil: quando há informações suficientes para dar um passo à frente, é hora de agir. Testes graduais (como liberar features para 1-2% dos usuários) permitem aprender rápido e ajustar a rota.
Outra estratégia é o ELMO (Enough, Let’s Move On), que incentiva o time a definir um ponto de parada para discussões e seguir com a decisão mais viável, mesmo que imperfeita.
A Lei de Parkinson diz que "o trabalho se expande para preencher o tempo disponível". Para evitar prazos irreais ou estresse desnecessário, defina margens de segurança (ex: 3-5 dias antes do prazo final) e envolva o time na definição de cronogramas.
Quando o prazo é inflexível (como em normas regulatórias), priorize a comunicação clara e foque em entregas mínimas viáveis. A colaboração entre produto, engenharia e dados é crucial para alinhar expectativas e recursos.
Simplicidade não significa negligência. Soluções sustentáveis devem ser fáceis de explicar e manter. Evite o simplismo (como "gambiarras") e priorize arquiteturas que envelheçam bem.
Pergunte: "Como esta solução se comportará daqui a um ano?". Ferramentas como logs, monitoramento e CI/CD são fundamentais para garantir qualidade mesmo em projetos simples. Times de plataforma podem ajudar a padronizar processos, liberando a equipe para focar em regras de negócio.
Líderes precisam cultivar autoconhecimento e resiliência. Dois pilares são essenciais:
Além disso, dedique tempo para estudar temas além da tecnologia, como comunicação e gestão de conflitos. Ferramentas de IA (ex: LLMs) podem acelerar a absorção de conhecimento.
Mentores não precisam ser experts globais — podem ser colegas experientes ou líderes que você admira. Comece identificando habilidades específicas que deseja desenvolver (ex: tomada de decisão sob pressão) e aproxime-se de quem domina essas áreas.
Mentoria em grupo também é eficaz para trocas horizontais. Se optar por mentores pagos, priorize aqueles com experiência prática em desafios similares aos seus.
Liderar em tecnologia exige equilíbrio entre confiança e humildade, inovação e estabilidade, análise e ação. A chave está em criar ambientes colaborativos, onde todos se sintam ouvidos, e em investir no desenvolvimento contínuo — tanto técnico quanto emocional. Como diz o livro Antes que Seja Tarde, a prevenção de crises começa com a antecipação de riscos e a construção de relações autênticas.